Educar na Realidade, de Catherine L’Ecuyer

As telas fazem parte da vida de todos nós. Mas o quanto elas realmente precisam fazer parte da vida das crianças? Em Educar na Realidade, a Catherine L’Ecuyer nos faz refletir sobre as verdadeiras prioridades na educação e como as telas podem impedir que os objetivos educacionais sejam alcançados.

“Educar na Realidade”, de Catherine L’Ecuyer, é um livro que propõe uma abordagem centrada no desenvolvimento da criança como um ser integral, priorizando o respeito pelo ritmo natural de aprendizado e o cultivo de valores humanos fundamentais. L’Ecuyer destaca a importância de permitir que as crianças explorem e descubram o mundo de forma genuína, incentivando a curiosidade natural e o contato com a realidade.

Ao longo do livro vemos os argumentos da autora sobre como vivemos em uma sociedade dominada pelo excesso de estímulos tecnológicos e pela pressa, de modo que é necessário um esforço maior para proporcionar uma educação que respeite a infância como uma etapa única e insubstituível.

Durante os primeiros anos o mais importante para o bom desenvolvimento de uma criança não é a quantidade de informação que ela recebe, mas sim a atenção afetiva que recebe.

Educar na Realidade, de Catherine L’Ecuyer

Segundo Catherine, é essencial dar espaço para que as crianças experimentem e conheçam o mundo sem a interferência de tecnologias ou métodos excessivamente estruturados que, muitas vezes, afastam a criança de experiências reais e sensoriais.

É um livro que trabalha com suas propostas simultaneamente:

1. argumentos científicos, a partir de dezenas de pesquisas que mostram o impacto do uso de telas e de tecnologia digital no desenvolvimento social, linguístico, emocional e intelectual da criança;
2. argumentos filosóficos acerca da necessidade de encarar a educação integral das crianças e sua necessidade de estar presente na realidade.

Por cada hora de televisão que uma criança com menos de 3 anos vê, as probabilidades de sofrer de falta de atenção quando tiver 7 anos sobem 9%.

Educar na Realidade, de Catherine L’Ecuyer

No começo do livro, L’Ecuyer se propõe a desmentir alguns neuromitos muito comuns que permeam a educação. Ela chama de neuromitos as crenças populares sobre o funcionamento do cérebro que, apesar de difundidas, não têm sustentação científica. Esses mitos influenciam negativamente a educação, levando a práticas pedagógicas que não respeitam o desenvolvimento natural das crianças.

Estes neuromitos são:

• A criança tem uma inteligência ilimitada;
• Só usa 10% do seu cérebro;
• Cada hemisfério é responsável por um estilo de aprendizagem diferente;
• Um ambiente enriquecido aumenta a capacidade do cérebro para aprender;
• Os três primeiros anos são críticos para a aprendizagem, portanto são decisivos para o desenvolvimento posterior.

Após desvendar esses neuromitos, a autora se propõe a apresentar diversos dados acerca do uso de telas, especialmente na primeira infância, mas mostrando dados também sobre o impacto do uso de telas até a adolescência.

Por fim, ela aborda sobre a importância de cultivar a motivação certa nas crianças na busca pelo conhecimento, não uma motivação que busca por gratificações externas, mas transcendente.

Catherine L’Ecuyer traz reflexões muito importantes sobre a necessidade de cultivar a atenção, a simplicidade na educação, a sensibilidade, a chance de experimentar o sofrimento, a empatia… Todos estes pontos sendo essenciais para educar na realidade.

Melhores trechos e frases de Educar na Realidade

A criatividade ocorre quando uma criança vai à luta quando lhe falta algo que não tem. Uma criança que tem tudo, antes sequer de o desejar, não precisa ser criativa porque não precisa de nada, não anseia por nada.

Educar na Realidade, de Catherine L’Ecuyer

Seu papel será abraçar, interpretar a realidade com o olhar, contras histórias reais, outras fictícias, amparar, redimensionar um problema emocional, corrigir um defeito com carinho, ajudar a decifrar como se sente uma pessoa, recordar um acontecimento íntimo, discordar, prestar atenção ou ajudar a identificar as limitações e as forças.

Educar na Realidade, de Catherine L’Ecuyer

Com experiências interpessoais, familiares, culturais e espirituais positivas lançamos as raízes que nos permitirão, mais à frente, resistir aos ventos fortes, porque consolidam a nossa consciência de identidade própria.

Educar na Realidade, de Catherine L’Ecuyer

As crianças precisam de poucas coisas materiais e é muito saudável que aprendam a viver desprendidas das coisas que têm, para poderem ser mais livres.

Educar na Realidade, de Catherine L’Ecuyer

A atenção é a capacidade de filtrar e selecionar a informação relevante.

Educar na Realidade, de Catherine L’Ecuyer

Os nossos filhos devem cheirar o musgo, escutar os grilos, contar estrelas, tocar na pele dos pêssegos, perder-se no olhar dos seus pais, saber ler a tristeza no rosto de um amigo e sentir compaixão enquanto o fazem, apreciar o relexo da luz nas gostas da chuva e sentir no tato a erva que pica. E precisam entender o sentido do que veem e vivem. Para isso é preciso educar na curiosidade e na beleza, a partir da curiosidade e da beleza.

Educar na Realidade, de Catherine L’Ecuyer

As pessoas mais fortes não são as que não sofreram ou as que rejeitaram o sofrimento, mas as que reconheceram e geriram o sofrimento, que estão plenamente conscientes da sua vulnerabilidade e aceitam-na com sensibilidade.

Educar na Realidade, de Catherine L’Ecuyer